O TEMPO DE NINGUÉM
Não sinto a presença do tempo.
Ele voa, eu sei!
Não me recordo com exatidão se foi antes ou depois.
Onde está o tempo de outrora que eu não sinto no presente?
Sinto-me um estranho em meio à linearidade.
Sinto a presença do tempo.
De cada segundo doado a vida.
E eles pesam, acredite!
Cada segundo do tempo pulsa e morre.
Por isso, me sinto uma luz viva em meio à linearidade.
Conheço o passado que se transforma no presente.
Pois tudo me é absurdamente palpável.
Tudo me é absurdamente sentido nesses segundos que pulsam e morrem.
Nesses segundos que se constroem perante a desconstrução do passado.
O mesmo passado que conversava sobre um futuro bom...
onde ele está?
Talvez esse futuro já tenha morrido...
ou nem existido.
E os nossos caminhos, onde foram que deixaram de se encontrar?
Em algum dos segundos onde o tempo não tenha passado...
ou nas falsas memórias que não queriam se concretizar.
Elas apenas nunca ultrapassaram o véu.
Nunca sentiram o sabor da realidade.
Apenas existiam em um tempo que nunca se fazia presente.
E a culpa é de nós que não nos permitimos sentir nossos segundos pulsarem e morrerem.
A culpa está somente em mim e em você...
que em meio à distância não sabiam onde estavam.
Um permaneceu inerte em sua casa...
e o outro na grande metrópole foi se buscar!
Novamente um novo tempo nasceu.
Um tempo que a mim não pertencia, mas que agora já morreu.
E agora, esse mesmo tempo se reconstrói.
E volta pra mim e pra você...
para que ambos tenham uma melhor chance de apreciar esses segundos.
Esses segundos que formam o Tempo.
O Tempo que pulsa e que morre.
Que não existe em lugar algum.
Que existe em todo lugar.
Dentro de mim.
Dentro de ti.
Ao meu redor...
e por toda a extensão do Universo.
Um Tempo que revive e que se refaz para mim e para você!