Sob a ditadura
Voo sobre um Pégaso acima de cidades nuas de fantasias.
Por entre estrelas, vejo as ruas e calçadas esburacadas.
Entre meio as flores cintilantes, sinto a dor se espalhando.
Navego pelo universo e observo os limites que são aceitos.
No meio do canto de anjos, ouço o choro tão desamparado!
Coberta por purpurina celeste, incomoda-me a sirene alertando.
Já não está tolerável brincar de fingir que tudo é lindo e perfeito.
Por mais que tente me enganar e me alienar, não consigo mais.
Mesmo sabendo o quanto tem de felicidade num bolo,
Compreendo a alegria de todos os dias verem o sol,
Entendo quanto tudo é tão exato pelo prisma dos outros,
Mas sou íntima dos hiatos entre tantas perfeições sucessivas.
E me assustam as inverdades que cantam em prosa e verso.
Converso com o silêncio que teimam em transformar em melodia;
É quando me sinto astronauta de outro universo muito diverso,
Porque sei que há pesares em cada um que desconheço.
Penso no real sentido do artista que não se expressa e confeita,
Porque é proibido falar da fome de pão, amizade e de amor,
Definido que doer humanamente em evidência não tem estética,
E me vejo quase andando no mesmo ritmo do agradável.
Uma ditadura clara do que é aceitável e raramente real.
Então escapo por entre os excluídos pela insensatez,
E me entrego à loucura daqueles que sentem fome e rangem,
E me deleito entre os que têm sede e doem quase sempre.
Ainda que possa ver unicórnios e fadas, estrelas cadentes,
Lindos jardins e muita, muita purpurina caindo das estrelas,
Convivo com a úlcera de almas tão simples ou complexas.
Tenho esperança naqueles que retratam na arte, nosso tempo,
Aqueles homens das cavernas e seus sinais de hoje, de agora.
Assim, me pergunto se haverá um tempo que em cavernas secretas,
Homens intencionados em registrar o cotidiano, sem enfrentá-lo,
Poderão sair à luz e dizer de todas as formas que caçam nosso alimento,
Não mansamente, como se quer fazer acreditar, mas brutalmente,
Numa selvageria tão genuína que apenas se sofisticou em atrocidades.
Sobra a espera vaga que ainda plantaremos e colheremos nossos grãos,
E que num coral sonolento, uma voz seja dissonante e que não seja abatida,
Nem a tiros, pedradas ou com palavras murmuradas, engasgadas por confetes...
Tomara que seja apenas um grande equívoco e que todos estejam tão felizes, que vivam distribuindo gentilezas, abraços, felicitações efusivas generosamente e amem ao menos metade da metade do que falam, tomara!
Voo sobre um Pégaso acima de cidades nuas de fantasias.
Por entre estrelas, vejo as ruas e calçadas esburacadas.
Entre meio as flores cintilantes, sinto a dor se espalhando.
Navego pelo universo e observo os limites que são aceitos.
No meio do canto de anjos, ouço o choro tão desamparado!
Coberta por purpurina celeste, incomoda-me a sirene alertando.
Já não está tolerável brincar de fingir que tudo é lindo e perfeito.
Por mais que tente me enganar e me alienar, não consigo mais.
Mesmo sabendo o quanto tem de felicidade num bolo,
Compreendo a alegria de todos os dias verem o sol,
Entendo quanto tudo é tão exato pelo prisma dos outros,
Mas sou íntima dos hiatos entre tantas perfeições sucessivas.
E me assustam as inverdades que cantam em prosa e verso.
Converso com o silêncio que teimam em transformar em melodia;
É quando me sinto astronauta de outro universo muito diverso,
Porque sei que há pesares em cada um que desconheço.
Penso no real sentido do artista que não se expressa e confeita,
Porque é proibido falar da fome de pão, amizade e de amor,
Definido que doer humanamente em evidência não tem estética,
E me vejo quase andando no mesmo ritmo do agradável.
Uma ditadura clara do que é aceitável e raramente real.
Então escapo por entre os excluídos pela insensatez,
E me entrego à loucura daqueles que sentem fome e rangem,
E me deleito entre os que têm sede e doem quase sempre.
Ainda que possa ver unicórnios e fadas, estrelas cadentes,
Lindos jardins e muita, muita purpurina caindo das estrelas,
Convivo com a úlcera de almas tão simples ou complexas.
Tenho esperança naqueles que retratam na arte, nosso tempo,
Aqueles homens das cavernas e seus sinais de hoje, de agora.
Assim, me pergunto se haverá um tempo que em cavernas secretas,
Homens intencionados em registrar o cotidiano, sem enfrentá-lo,
Poderão sair à luz e dizer de todas as formas que caçam nosso alimento,
Não mansamente, como se quer fazer acreditar, mas brutalmente,
Numa selvageria tão genuína que apenas se sofisticou em atrocidades.
Sobra a espera vaga que ainda plantaremos e colheremos nossos grãos,
E que num coral sonolento, uma voz seja dissonante e que não seja abatida,
Nem a tiros, pedradas ou com palavras murmuradas, engasgadas por confetes...
Tomara que seja apenas um grande equívoco e que todos estejam tão felizes, que vivam distribuindo gentilezas, abraços, felicitações efusivas generosamente e amem ao menos metade da metade do que falam, tomara!