Certas Trocas...
Indiretamente vem
diretamente me dizer
que estás partindo.
Ouço alguém me dizer
para não dar ouvidos
ao que me faz infeliz.
E de que adianta trocar uma tristeza por outra?
Fui diretamente, pessoalmente,
te ouvir, indireto,
falando coisas sérias,
confirmando minhas misérias.
Para que tudo isso?
Trocar uma incerteza ansiosa por uma certeza dolorosa?
Falavas comigo,
mas parei de ouvir.
Sabia de tudo muito antes
e precisei fugir.
Voei até a árvore mais próxima.
Voei até o vento que soprava
todas as tuas palavras desajeitadas,
todas as tuas bobagens, todas culpadas,
para bem longe dos meus tímpanos cansados.
Eu não sei aonde meus passos
poderiam ter me levado.
Achei um cigarro, achei um solitário,
para ouvir meus lamentos amargurados...
Por que trocar
a responsabilidade da confirmação futura
pela dor da mágoa alheia, tão dura?
Por que jogar
essa culpa, que é tua,
nas minhas costas, já tão cansadas,
tão maduras?