O estranho que me gerou

Ele sempre aparentou repudiar-me,

todas as coisas sempre estavam feias

ou erradas quando era eu que fazia.

Seus passos eram fortes e firmes,

suas mãos pesadas e frias,

seus olhos pareciam com os meus,

meio rasgados, mas guardando enigmas,

segredos e sarcasmos.

Sua alegria parecia obscura, pois seu sorriso dificilmente aparecia. Ele parecia não saber abraçar, sorrir, beijar, ao menos pedir licença

ou se desculpar.

Era amargo, era distante, tinha suas predileções, preferia algumas letras do alfabeto,

parecia ter ternura,

mas menos com o A e o M de mim.

É...

Este mesmo A de amor, alegria e amizade que não existia entre mim e ele.

Eu ainda me pergunto o que eu fiz para merecer a rejeição?

Ele era bonito, eu sempre o perdoava,

porque no fundo eu o amo e o amava,

sei que não sou santo, nem certo.

Eu errei, respondi e muitas vezes teimei, eu sei.

Somos humanos e falhos, e paciência tem limite, mas eu tentava entender aquela alma.

Ele parecia sozinho - Acho que foi sempre assim. Fechado e nervoso, vivia sempre reclamando, gostava muito de marcar, de deixar cicatrizes em punhos, deixou em mim.

Talvez era frustrado com a vida sem açúcar que levou quando criança e revoltado pela aquela adolescência amarga.

Talvez triste com as lágrimas que mancharam seus olhos quando aquele namorado morreu ou com aquele outro o esqueceu.

Talvez aqueles muitos irmãos sempre contra ele, tenha o deixado duro com ele mesmo. Sempre pronto pro ataque.

Talvez tudo tenha cooperado para que ele fosse e o que ainda é - Um enigma para mim. Aquele estranho que me gerou.

Uma vida merda que o deixou ferido na alma por chutes do destino, foi infeliz por não ter sido compreendido e ajudado, talvez faltou carinho para regar o amor daquele coração.

Ele não foi amado e não conseguiu amar, ou até foi amado e amou, mas a morte cruel cedo veio seu amor buscar, talvez.

Alessandra Martins

Alexcentrica
Enviado por Alexcentrica em 09/01/2013
Reeditado em 27/07/2023
Código do texto: T4074888
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