SEM DESTINO

"Em cada pisada nascia uma flor. Uma trilha de perfumes ia sendo bordada. Ou seria sua imaginação? Não via a hora de chegar. Precisava controlar a ansiedade. Quando se inicia uma jornada, às vezes é preciso fechar os olhos e seguir sem rumo. E pra quê olhar os mapas? Existem fronteiras que são como linhas do horizonte: sempre fugindo. Mas o caminhante, não. Não pode fugir do próprio destino. Coragem, mesmo que adivinhe abismos. Asas existem para empinar-se ao vento. E pedras podem ser companheiras mudas de viagem. Pássaros indicam possibilidades. Árvores conversam. E o vento é bom companheiro. As sombras são obedientes sempre. Algumas, às vezes, querem ser maiores que o próprio dono. E se espicham ao pôr do sol. E a poeira serve para quê? Apenas para sinalizar os passos trôpegos do peregrino. Pó e estrada. Silêncio. Mais nada. A tarde engole os raios de sol e o céu começa a urdir estrelas, lentamente. Agora, é preciso ter olhos de contemplar imensidões. Uma coruja levanta voo. Caminhante noturno apressa o passo. Hoje, quem sabe, a lua caminhará a noite inteira, lado a lado, ajudando a engolir a escuridão."

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UMA ALDRAVIA RESGATADA DO TEXTO POR HLUNA

e

estrada

silêncio

mais

nada

Valeu, amiga... Olhos atentos de poeta são assim... Veem para além da prosa... Uma aldravia ali brilhava...

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Caminhada sem destino,

companheira, a própria resta,

mas dono de um bom tino,

caminha firme na floresta.

(TIAGO DUARTE)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 08/01/2013
Reeditado em 09/01/2013
Código do texto: T4074347
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