Além de mim
Vejo as pessoas tristes, vazias, inúteis por aí. Há alguém assim em minha frente, há alguém assim aqui. É triste, mas é assim. Tudo o que um dia começa um dia tem um fim. Os dias passam e nada muda, é tudo em massa e constante, assim como as minhas palavras mudas e sempre tão cortantes. O meu cigarro se desfaz; o vento vem, sendo assim, eu fumo mais e mais. O tempo não para, ele só passa, e rapidamente -sem ver- tudo se acaba.
Olho para essa pessoa e sinto pena, não mais que isso; vejo a dor, vejo a falta de cor nos olhos, vejo o sofrido sorriso... que melancolia é essa que se instala, e sem perceber faz de ti um alguém perdido? Eu olho, mal vejo... nem me percebo. Não consigo, não quero: eu nego e assim não vejo. Fique aí sofrendo com esse melancolismo barato, enquanto isso eu vou andando, seguindo o vazio dos meus passos.
A solidão existe, por aqui, em demasia. Pior que a tristeza em teus olhos são as tuas palavras tão duras e sempre frias. A única que resta ao meu lado no fim de tudo: a solidão, e junto à ela um imenso e doloroso cansaço na contra mão.
Sinto-me um bagaço... essa pessoa em minha frente, com rosto tão pálido e olheiras tão profundas; o que tens que te assola e torna-te uma imensidão de nada e imunda? Infelizmente não posso ajudar, sabendo disso eu me intrigo, sinto-me um lixo... Eu odeio me olhar nos olhos. Espelho, por favor, desapareça... porque eu... Eu não consigo.