É POSSÍVEL SER FELIZ DUVIDANDO?

Duvidar é outra forma de gozar...

Sendo assim, para ser feliz bom mesmo é rasgar as gástricas dores, e enfiar filosofia, literatura e cultura buraco adentro. A conectividade entre reflexões e letras, nesse vai–e–vem cerebral da prosa e do verso promete, intensa e satisfatoriamente, nos fazer gozar calidamente...

Enquanto isso procuramos (muitas vezes sem sucesso) descobrir os segredos do universo e de nossas diferentes e desconcertantes dicotomias, internas e externas; afinal nem todos temos visões convergentes em relação a certas coisas, em muitos âmbitos da vida, devido a nossos tortos perspectivismos, nossas descoradas nuances, nossos subjetivismos abissais...

As diferentes experiências que vivenciamos costumam ser a fonte de tantas distorções... Se para uns o branco é preto, e o azul é verde, quem somos nós para demover–lhes de suas opiniões? Se aqueles que erram e mesmo depois de perceberem isso preferem continuar onde e como estão porque isso os deixa feliz, tudo bem, fazer o que? Viver é assumir as conseqüências de nossos próprios atos...

Em princípio somos todos livres para escolher o que é positivo ou negativo para nossas vidas, mas, se em função de uma trajetória ineficaz viermos a morrer só restarão (aos que aqui ficarem) dar-nos um enterro rápido...

Uma pergunta surge inevitavelmente: é possível ser feliz duvidando? Que nossos questionamentos sirvam–nos de preciosos sustentáculos provisórios, que nossas dúvidas sejam tidas como processos práticos, partes importantes na busca pela felicidade, sempre fugidia e rara, que as dúvidas nos sirvam de guias, não como fins, mas como meios; que elas satisfaçam nossas diversas curiosidades e necessidades urgentes, inclusive as triviais.

Conquistar “verdades e felicidades” (ainda que provisórias) certamente não é uma tarefa fácil, mas, se pelo menos as anelarmos, se sobre elas filosofarmos, em busca de soluções, teremos dado grandes passos para vencermos muitas de nossas imensas barreiras.

Que um dia possamos construir uma harmoniosa ponte nova, que poderá, quem sabe, minimizar muitas de nossas inglórias divergências subjetivas e coletivas, incomodamente estridentes.

Sem duvidar é impossível ser feliz? Certamente que não, só que a caminhada fica muito mais difícil, e, até onde se sabe quem gosta de ficar estático ou pretende ser poste ou está em coma, quem gosta de andar de ré ou é caranguejo ou gosta mesmo é de lamber os próprios restos que já deixou para traz...

Lucas Terranova
Enviado por Lucas Terranova em 07/01/2013
Código do texto: T4071973
Classificação de conteúdo: seguro