Eu sou solar
mas também sou lunático,
não lunar, sou do mar
e sou meio aéreo,
mas também terrestre,
não etéreo, concreto,
incompleto mas repleto,
não esférico
nem colérico, rupestre,
estratosférico...
E na maior parte das vezes
sou ctônico,
ainda que platônico,
não atômico nem atônito,
mas essa ânsia de vômito
são mais verdades
que trago em minhas cavidades
do que suas cinco mil cidades...
assim mesmo sou quase lacônico
um caso crônico e nada cômico,
sem pânico, sou espirituoso,
nada maldoso, misterioso,
não vergonhoso, manhoso
como um gato muito tinhoso
no mato à caça de um rato,
o que não é um fato
mas uma metáfora louca,
meta-se lá fora de dentro de mim
mais essa palavra assim tão tosca,
a busca a fuga e tudo que me escapa
é tudo o que eu vivo e tudo que me mata.
Então esquece de mim, que eu sou real,
não sou ideal, coisa e tal, não me leve a mal,
para estar neste mundo uma paciência infernal,
não me leve a mal, eu não sou o tal, sou coisa
e fico como que coisificado nas coisas inexistentes,
aquelas coisas todas talvez do imaginário,
de onde tudo o que não sou é originário,
porque sempre que posso sou ordinário,
não salafrário, que meu pai vivia de salário
e minha mãe não era rica, antes o contrário
e tudo aquilo que não sei eu escrevi num diário
depois do hipopótamo, rinoceronte e dromedário,
porque nenhum deles são animais que tem asas,
mas eu, muito antes o contrário...
O que é incomum
é que eu não sou tão comum,
ainda que entre tantos eu seja só mais um,
eu quase que sempre que posso sou nenhum,
por teimosia ou pura preguiça de ser algum.
Eu sou solar
mas também sou lunático
um tanto assim enfático
nem simpático e nem antipático,
um tanto apático,
isso sim, e nada prático.
E não sou lunar, sou do mar,
eu sou assim de sonhar
e esperar o que se sonha,
que você ponha na minha mão a sua mão
ou que se ponha logo daqui para fora
que ir embora
é só para quem sabe de solidão...
mas também sou lunático,
não lunar, sou do mar
e sou meio aéreo,
mas também terrestre,
não etéreo, concreto,
incompleto mas repleto,
não esférico
nem colérico, rupestre,
estratosférico...
E na maior parte das vezes
sou ctônico,
ainda que platônico,
não atômico nem atônito,
mas essa ânsia de vômito
são mais verdades
que trago em minhas cavidades
do que suas cinco mil cidades...
assim mesmo sou quase lacônico
um caso crônico e nada cômico,
sem pânico, sou espirituoso,
nada maldoso, misterioso,
não vergonhoso, manhoso
como um gato muito tinhoso
no mato à caça de um rato,
o que não é um fato
mas uma metáfora louca,
meta-se lá fora de dentro de mim
mais essa palavra assim tão tosca,
a busca a fuga e tudo que me escapa
é tudo o que eu vivo e tudo que me mata.
Então esquece de mim, que eu sou real,
não sou ideal, coisa e tal, não me leve a mal,
para estar neste mundo uma paciência infernal,
não me leve a mal, eu não sou o tal, sou coisa
e fico como que coisificado nas coisas inexistentes,
aquelas coisas todas talvez do imaginário,
de onde tudo o que não sou é originário,
porque sempre que posso sou ordinário,
não salafrário, que meu pai vivia de salário
e minha mãe não era rica, antes o contrário
e tudo aquilo que não sei eu escrevi num diário
depois do hipopótamo, rinoceronte e dromedário,
porque nenhum deles são animais que tem asas,
mas eu, muito antes o contrário...
O que é incomum
é que eu não sou tão comum,
ainda que entre tantos eu seja só mais um,
eu quase que sempre que posso sou nenhum,
por teimosia ou pura preguiça de ser algum.
Eu sou solar
mas também sou lunático
um tanto assim enfático
nem simpático e nem antipático,
um tanto apático,
isso sim, e nada prático.
E não sou lunar, sou do mar,
eu sou assim de sonhar
e esperar o que se sonha,
que você ponha na minha mão a sua mão
ou que se ponha logo daqui para fora
que ir embora
é só para quem sabe de solidão...