ALEGORIA DO PEIXE
Nos meus surtos, a palavra move rios e margens, como se existir tivesse significação lúcida. Os surtos refletem, no rio das águas limpas, a possibilidade do peixe sobreviver. Ele é como eu, também nada sobre o sentido do existir. Mas os obstáculos nas águas não o deixam correr livremente, assim o curso acaba sendo turvo em águas turvas. Talvez seja essa a comunhão vital entre o Bem e o Mal: nadar como os peixes, em cardumes, para evitar o predador. Deus está vivo em ambivalências. Até que o grande coma o pequeno, porque esta é a lei da sobrevivência. Se não como, não vivo. E isto resulta em nada. Por nada.
– Do livro A URGÊNCIA ESSENCIAL, 2013.
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