A CONDENAÇÃO
Nós somos o fruto do que comemos: se pedra, pedra; se amor, amor; se nada, nada. Eu apenas sobrenado. Nada sobre o nado. Em verdade, nunca aprendi a nadar. Estou vivo por uma condenação anterior a mim. E antevejo o mundo das margens do único rio que conheço. Nado nele por nadar. Estou condenado ao esforço. E os meus braços e pernas estão limitados à força das águas. Não sei do rio que me move. Mas nado denodadamente como se o rio não tivesse margens. Ou eu não tivesse existido.
– Do livro A URGÊNCIA ESSENCIAL, 2013.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/4068122