Da série "CONVERSAS DE ESCRIVANINHA"
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Complexa é nossa existência, que tem tantas perguntas e hipóteses, poucas respostas e dificuldade em ponderar o que resulta do quê, "a herança" que fica.
Mais complexa ainda é a convivência entre nossos pares: amigos, sócios, colegas de trabalho, familiares, amores.
A decepção é fruto da nossa fantasia e planos.
As pessoas são o que são, nós é que nos iludimos e lhes criamos uma dada imagem.
Ansiamos, por exemplo, a que a pessoa amada, os amigos, todos aqueles com quem convivemos realizem nossas expectativas e desejos, caibam nos modelos que nossa cabeça projetou, nos protocolos que fabricamos, resultem tal qual um bolo de receita famosa.
É aí que "a porca torce o rabo", cara amiga poeta.
Ao longo da vida até que encontraremos pessoas que os viabilizem, mas por mero acaso. Tolice é crer que o outro se empenhará nesta tarefa. Às vezes até se esforçam, mas raramente conseguem.
O trabalho de construção da nossa vida, sua estruturação, direção e frutos é tarefa exclusivamente nossa.
O outro - que pode até ser a pessoa amada - é um complemento, uma guarnição... assim como folhas de endívias que acompanham e embelezam um suculento risoto de funghis.
Faz tempo que sei: culinária também faz filosofia e poesia.
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