O Sítio e o Progresso
Da varanda,
Em sua cadeira de balanço,
Em noite de estrelas
Ouvindo na estação da rádio Difusora
As músicas sertanejas elevando
O amor à altura dos calipeiros...
Viam-se lá longe as luzes do progresso
Que se aproximavam, dia após dia, noite após noite, inexoravelmente,
Nas companhias, a conversa do novo, dos lançamentos da moda,
Dos novos maquinários, das novas sementes,
Na mão os calos pelo cabo da enxada
Na pele queimada, o ardor do sol
A prosa misturada ao velho do passado,
Dos amigos que se foram, das doenças invisíveis,
E das fatalidades na labuta e nos caminhos das roças
O orgulho pelo perdigueiro sultão, pela engorda do porco,
Pela criação das galinhas e o mar de ovos....
As cobras venenosas, as aranhas caranguejeiras,
A taturana e o porco espinho..
O tatu que não fugiu a tempo
e o cozido que deveria ter mais sal,
O tiro certeiro por dentre as folhas da embaúba
E o jacu à beira do caminho no aguardo do cinto triunfal
A pescaria dos bagres nas tardes de tempestades
O deságüe dos tanques e as traíras fenomenais
As peladas nos campos da várzea e os gols que ninguém viu...
Os filhos casando, o mato crescendo, o arroz espigando,
O gado fugindo e os filhos partindo...e o Sítio vendido, fazendo parte do passado.
E chegou o progresso, que nos colocou sobre pneus, aproximou o mundo, iluminou as estradas e os ambientes, conservou os alimentos, trouxe os jogos da seleção lá do exterior e também as imagens da guerra quase instantaneamente.
Invadiram as nossas casas e com seus abalos e vitórias os nossos corações, criaram a ansiedade em nosso meio, desfizeram as nossas fantasias e aumentaram o nosso medo.
E tornaram o nosso mundo pequeno demais assim como o nosso coração
Que se tornou insensível às violências cotidianas e as carências permanentes.
http://www.recantodasletras.com.br/audios/prosapoetica/53106
Da varanda,
Em sua cadeira de balanço,
Em noite de estrelas
Ouvindo na estação da rádio Difusora
As músicas sertanejas elevando
O amor à altura dos calipeiros...
Viam-se lá longe as luzes do progresso
Que se aproximavam, dia após dia, noite após noite, inexoravelmente,
Nas companhias, a conversa do novo, dos lançamentos da moda,
Dos novos maquinários, das novas sementes,
Na mão os calos pelo cabo da enxada
Na pele queimada, o ardor do sol
A prosa misturada ao velho do passado,
Dos amigos que se foram, das doenças invisíveis,
E das fatalidades na labuta e nos caminhos das roças
O orgulho pelo perdigueiro sultão, pela engorda do porco,
Pela criação das galinhas e o mar de ovos....
As cobras venenosas, as aranhas caranguejeiras,
A taturana e o porco espinho..
O tatu que não fugiu a tempo
e o cozido que deveria ter mais sal,
O tiro certeiro por dentre as folhas da embaúba
E o jacu à beira do caminho no aguardo do cinto triunfal
A pescaria dos bagres nas tardes de tempestades
O deságüe dos tanques e as traíras fenomenais
As peladas nos campos da várzea e os gols que ninguém viu...
Os filhos casando, o mato crescendo, o arroz espigando,
O gado fugindo e os filhos partindo...e o Sítio vendido, fazendo parte do passado.
E chegou o progresso, que nos colocou sobre pneus, aproximou o mundo, iluminou as estradas e os ambientes, conservou os alimentos, trouxe os jogos da seleção lá do exterior e também as imagens da guerra quase instantaneamente.
Invadiram as nossas casas e com seus abalos e vitórias os nossos corações, criaram a ansiedade em nosso meio, desfizeram as nossas fantasias e aumentaram o nosso medo.
E tornaram o nosso mundo pequeno demais assim como o nosso coração
Que se tornou insensível às violências cotidianas e as carências permanentes.
http://www.recantodasletras.com.br/audios/prosapoetica/53106