Aquela Florzinha
Sabe aquela florzinha cinzenta lá no alto da montanha, tão sozinha e solitária?
Chove, venta, vem o sol e ela está lá, nem se esquenta, nem se resguarda.
Apenas espera...
Não se sabe o quê.
Parece algo que não se conhece e não se vê.
Está imune da cor e da dor.
Espera um amanhecer cheio das novidades vadias de um ventinho leve que desvirginou a noite.
Espera por uns sóis mornos, molhados de lágrimas e inerte dos amores condoídos.
Parece que o orvalho não a ama mais, pois esqueceu-se dela, e a deixou sozinha como uma pedrinha nua e enterrada no deserto do Saara.
Se ao menos ela pudesse chorar, ou cantar. Talvez cantaria a melodia das sereias mortas e choraria com o beija-flor.
Sabe aquela florzinha lá no alto da montanha tão sozinha e solitária?