REMINISCÊNCIA
Da janela ela vê a neve cair. Acha interessante o destino de cada floquinho.
Alguns passam apressados rente ao vidro, e se preciptam ao chão. Outros, volitam sem pressa pelo ar, numa verdadeira coreografia, que parece dirigida por dedos invisíveis.
Ao olhar para baixo seus olhos não mais vêem o gramado. A alvura da neve tomou conta do lugar.
O cenário encantador, a remete a um passado distante, muito distante. Separado do momento presente, quiçá, por algumas existências remotas.
Isso acontece com ela de quando em quando. De repente, sem aviso, sua alma alcança um tempo distante, e ela se vê, num outro contexto, envergando outra roupagem física. Reconhece ser a mesma, pelos sentimentos que palpitam naquela alma.
Essas reminiscências, nunca avisam quando vão chegar. Vem sempre carregadas de doces emoções. Emoções, que ela mal consegue tocar, e se desvanecem no ar, feito bolhas de sabão.
Dessas imersões de sua alma, ela ressurge, como quem sai de um abraço acolhedor, que o coração nunca tem pressa que termine.
(foto da autora, Litchfield)