Enrugados
Estava todo enrugado um pobre pássaro molhado após uma noite de chuva tempestuosa.
E o sol insistente a sair... E mais um dia desdobrando no horizonte
Suas asas molhadas pesam na carne franzina, impedem-no de voar!
Recluso, aquece-as nas tênues frestas de luz que invadem a copa da imensa morada.
O pequeno bichinho solitário, pulando em galho remexe as asinhas, bicando-as, paulatinamente se recompõe. E intrépido, entrega seu corpo ao horizonte e as intempéries do dia.
Nesses dias de lutas, de solidão e silencio, de dias ruins que insistem a volubilidade dos sentimentos que remetem um vazio no coração. E um sentimento de pequenez que impregna profundamente o ser.
O desespero por vezes assombra a mente, e reclusos sentimos o medo enrugar os sonhos. Aprisionados desenham-se grades e moldes de liberdades.
Nesse contexto, a visão do pequeno passarinho, parece inspiradora...
É angustiante saber que há correntes inquebráveis cercando algo mais forte que um touro. Que a humanidade caminha diretamente para um fim marcado... Mas mesmo assim, molhados e pesados ainda queremos e devemos voar, feito passarinhos no céu.