O Anjo e o Poeta
Era uma vez um poeta que tentava, humildemente, tratar cada palavra como se fosse uma flor.Com elas, ele compunha os mais variados arranjos, para as mais diversas situações.E era uma vez um anjo; que um dia apareceu para acompanha-lo.
Enquanto esteve sozinho, algumas de suas composições trouxeram, infelizmente, algo mais que apenas o perfume e o colorido das palavras.Pois, assim como as rosas compartilham a companhia dos espinhos, as palavras também possuem os seus.E, quando mãos desprotegidas ou ouvidos sensíveis, não contam ainda com a destreza necessária, rosas e palavras podem ser perigosas; podem levar do encantamento à dor.Por isso, a vinda do anjo : foi para ensinar o poeta a submeter seu dom ao imprescindível filtro do amor.
Hoje os arranjos são menos frequentes e mais discretos.Procuram usar a linguagem limpa e direta da simplicidade; evitando os códigos subjetivos da ostentação...Procuram realçar o que já existe verdadeiramente; ao invés de inventar o que ainda não está pronto (por mais doce que seja essa invenção).
E assim, ambos prosseguem.Um no ofício de cultivar flores e o outro na incumbência de escolher quem, quando e como recebe-las.
O Poeta Jardineiro e o Anjo da Responsabilidade.
Outubro - 2012