SUCESSÃO DOS DIAS
Eu menino fora viajar
Após longo, muito tempo retornou
Trouxe estórias que não me recordo
Afinal, são bagagens de menino...
Deixara o velho eu com suas memórias,
consertando a varanda dos dias
Guardando o que a maturidade não se recorda
Mais o quê aguarda.
Tocou gaita, riu-se de maneira inocente
Trazia malas disfarçadas de sonhos
Contrapondo a sisudez tacanha
Do longevo que ficou, atento às preocupações dos dias.
São coisas de crianças, diz o homem maduro,
- Quando sente o menino que chega -
Que se asilou nas lembranças.
Menino sonha, homens sofrem a vida!
Afirmou com uma certeza que nem a certeza
Do temporariamente certo ousaria.
O menino enfadou-se, como fazem os meninos
Que vão e vêm.
Inocente, somente os olhos delataram o assentimento amuado.
O homem maduro satisfez-se com o gesto
E ambos ficaram enquartelados.
Um nos planos que o fazem menino
Outro no tempo em que se fazem adultos.
Um barco.
Outro farol.
Piano tocando a quatro mãos
O que se é
O que se foi
O que será
Por infinita determinação da Vida.