[O Atroz Esquecimento de Todos Nós]
Sou mineiro, isso eu sei bem... e gosto de ter nascido no Brasil. Gosto sim. Sei, mas até inzono, faço de conta que eu não sei que tenho léguas e léguas de chão para eu percorrer antes de ver olhos estrangeiros. Sei que vou encontrar sotaques diferentes, comidas diferentes, festas diferentes em lugares diversos... todos eles, com a graça dos forjadores desta nação, brasileiros, como eu!
Posso estar à vontade num rincão fronteiriço Rio Grande do Sul, ou lá no Recife - é minha esta terra inteira! Fala-se Português de ponta a ponta nesta terra, soldados do norte e do nordeste entendem perfeitamente os comandos dos oficiais do sul, e vice versa.
Praticamos um esquecimento atroz: falamos mal de nós mesmos o tempo inteiro! As coisas estão mesmo erradas, tortas... a merda da corrupção escorre por todos os lados. Esses políticos... será que presta fígado de político assim, a palito, bem frito, com farinha de mandioca, pimenta malagueta, e cachaça do norte de Minas? A gente até corta fora aquele ladinho mais escuro onde a faca entrou ou a bala passou queimando...
Se eu pensar intensamente, frequentemente que tudo está uma merda só, que o país não tem e não terá conserto, se eu só enxergar derrota à frente, então, é melhor abrir as veias, e deixar os estrangeiros completarem o serviço, uai!
O ufanismo caiu de moda faz tempo, mas o derrotismo em tempo integral está me azedando a vida!
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[Desterro, 25 de dezembro de 2012]