A LUZ DO ARCANJO
O que eles fazem aqui
Me olham chorando por esta janelinha transparente
Não consigo me mexer, gente onde estou?
O ar já não tenho
Nem dele mais preciso
Que coisa estranha
Não me contenho
Ser o acontecido
Olha lá é minha irmã!
Estou vendo ela que lindo o preto do seu vestido
Mas ela não parece me ver
Olha também vejo a minha mãe...
Partitura de meu adormecer
Mãe! Tire-me daqui!!!
É horrível esta sensação
De ser examinado e eviscerado por todos
Estou alienado sufocado
Cadê o canudinho
Do cordão umbilical?
Mãe sou eu! Seu filho
Meu Deus?
Será que estou morto?
Várias pessoas eu reconheci
Já tive esta sensação
De Déjà Vu...
Acho que estou morto
Mais não me sinto
Nem a eles só eflúvios
Sinto um formigamento
Acho que estão me penitenciando
Onde estou indo
Pra onde estão me levando?
Um silêncio mais que profundo
Ouço umas vozes longes como procissão
Não me digam que...
Estão me enterrando dentro deste caixão
Por favor, me tirem daqui!!! Escuridão
Vejo luzes brancas tremeluzentes e inquietas orações
Passando em coro com mulheres idosas que nunca vi
Meu Deus estão mesmo me enterrando???
Vejo o negrume das terras e das murchas flores
Que estão sendo jogadas sem o doce perfume
Lágrimas me regam muitas delas não me consolam
Estou plasmado neste lugar
Inúteis são meus queixumes
Sinto a mão de alguém
Puxando-me meu Pai celeste! É um anjo ele existe
Me levantando e volitando diante da escuridão
Vejo que meu corpo agora tombado
Não mais me pertence não sou esta gravidade
Vejo luzes claras suaves como a pomba que voa
Não sei onde estou mais a sensação é boa
Estou leve sinto agora o cheiro das flores
Odores peculiares ao instinto e viajo nos aromas
Sensação de bem estar psicossoma
Liberdade!
Liberdade!
Liberdade!
Como é bom estar sem amarras
Não mais olho pra trás
As luzes dos anjos me preenchem
Faz-me esquecer de mim e esvaziar quem sou
E tento me lembrar de quem eu era
E mal sei quem sou dentro deste ser que fala ou cala
Deram-me uma nova identidade
Disseram somente que eu iria
Lembrar-me de todos quando parasse de duvidar
E me pergunto a quem devo me lembrar
Quando o tempo fosse infinitamente mais tarde
Não entendi nada já que flutuava entre eles
Todos estavam muito preocupados
Com o ser que eu amava
Pois que me fazia vagar e descer à gravidade
Interferindo no livre arbítrio
Até que eu pude perceber
Que pra um descer
Outro tinha que subir!
Então meu amor na alada lembrança chegou
E em minhas mãos eu segurava um colibri
Tão leve como o leve ar
E os anjos sutis como as vagas ondas do mar
Diziam que pra eu poder ancorar
Eu tinha que outro mundo largar....
Até que numa nuvem brilhante eu adentrei
E um Arcanjo de luz azul beijou minha face
E me acalmou em sua paz divinal e delirante
Seu espectro reluzente com os dedos
Tipo na posição de paz e amor
Tocou levemente meus olhos
Sussurrando como num passe mágico
Falou-me junto aos ouvidos
Descanse que tudo vai dar certo
O amor é mais forte que tudo
Aí eu apaguei...
JESUS CRISTO NÃO ESTÁ SÓ NAS ESCRITURAS
MAS NO ÍNTIMO DE TODAS AS CRIATURAS.