Conchas na Areia

Achei conchas nas areias, vazias de vida, cheias de cascas: formas cristalizadas, estáticas, paradas, desvirtuadas e podres.

Sim, o vinho precisa de odres, mas por que guardar odres vazios, talvez envenenados por mofo?!

Um metamorfo, como a superfície do mar, mas sereno por dentro, como suas profundezas,

eu sei que assim é que é aquilo que é: sempre a mesma essência, vagando por diferentes formas.

Eu me vi caracol, circulando pelos mesmos sulcos, da mesma concha, repetindo e repetindo,

deixando-me levar por respostas automáticas de defesa, contra-ataque fulminante, guerra psíquica... E por quê?!

Porque esqueci de soprar a concha, mover as águas...

Deixo o peito transbordar de sangue, encho os odres de vinho, transbordo as conchas com água pura, lágrimas de amor e felicidade.

Danço, escrevo, canto, em mim todo o mundo, no coração do mundo, tudo de mim...

Pulso, vibro, impulsiono a ir adiante, eu mesmo, ao além de mim, àquilo que sou.

Baco Diphues
Enviado por Baco Diphues em 23/12/2012
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