MANACÃ.
O vento eterno esvoa-me a alma,
meu pouco pranto mingua o meu penar.
Eu sinto perto meu coração de jovem
pulsando cantos, que já são tantos,
vem como vinho sinto me embriagar.
Aí respiro, suspiro transfiro....
A minha mente paira como lã
eu vejo a mata bem em minha frente,
Sob o poente lá de manacã.
Lá o infinito se levanta escuro
com o ceu cravado de diamantes
Vibram a brandura das almas serenas dentro de uma noite enorme.
O ceu se abri em azul infindo
revigorando a languidez do sono,
a brisa passa pelas frestas das telhas,
despertando o corpo em abandono.
Mostra as imagens e os seus encantos
na tez morena de cada manhã,
molhando no leito do rio canhoto
as minhas pálpebras em manacã.
Rio canhoto de tantas enchentes
de tantas saudades , lembranças e prantos.
Rio que canta em sua garganta
a melodia dos seus mistérios, das suas profundezas.
Quantos segredos guarda a noite?
Sussurra a noite alta sobre a fazenda
enleva os espiritos das matas,
dos rios,
das estrelas que brilham rompendo a treva
com a sua imensa túnica estendida.
Fazenda antiga de vida completa,
de cana aos milhares
plantadas
cortadas.
Vertendo em caldo ao corte do facão
dos homens fortes no julgo do trabalho
que fumavam na palha e cheiravam rapé.
Fazenda de juncos nus alagadiços
das avencas nus barrancos de barro.
Do temporal descendo as grotas lavando o pó,
das ervas daninhas
das borboletas azuis(muitas)
e dos gafanhotos franzinos.
As crianças brincavam no chão
entre os gravetos e formigas
Catavam pedrinhas em correria afã
Caçavam gafanhotos e largatixas
Por sobre as sombras lá de manacã.
Fico com o vento das tardes claras
desse arraial encantado.
Fico com o hálito da boca da mata
onde rescende o cheiro do passado.
Onde o verão toca vialejo no pátio de minha vida.