pintura/Lilianreinhardt
oil on cardboard


Zocha lê e relê o telhado  escrito daquela casa distante.
Ao dia o sol quente e no parapeito  da janela a gamela
com as louças para serem lavadas rebrilhavam .
. Caneca de água fresca e escorria a
água pelo quintal de aroeiras e ameixeiras douradas. O telhado de barro
tinha escritas estranhas, doce amargo de  gabiroba
limão doce que as abelhas conheciam o segredo,ninhos com inscrições que o vento
nunca derrubava.O lenço amarrado no trigo dos cabelos, e o tempo voava mesmo  com  asas fechadas enquanto zunia a corda do poço fundo com água
fresca,
 as colheres
de pau mexiam o tacho de doce de peras no fogão
de ferro preto, as uvas escuras
silenciosas, mesmo raquíticas por falta de enxertos do parreral da avó postiça,
envenenavam o natal silencioso da casa de sótão  do bairro do Cajurú,onde Zocha nascera e as escritas do barro onde o tempo
sempre pousava na cumieira...