PRECE DE UM REVOLUCIONÁRIO

Não me queiram santo,

queiram-me apenas homem,

foi assim que nasci

Não me queiram mártir,

não fui melhor que ninguém,

apenas fiz o que me coube

Se tive e tenho seguidores,

confesso que não os desejei,

tornamo-nos irmãos

apenas pelas mesmas convicções

Se me opus às injustiças, se defendi excluídos,

se esbravejei no templo,

ora, como ser humano, tinha essa obrigação

Dizem que fiz milagres,

mas como, se ainda vejo famintos,

negociatas nos templos, falsos profetas (aliás, não acredito em profetas)

Então, não me queiram santo,

queiram-me apenas homem

Falam por ai que fui traído,

também não traem aqueles que não se incomodam com o sofrimento do outro,

não traem quando se calam frente as injustiças,

não traem quando vejam crianças nos farois perdendo sua infância?

Ora, não me queiram santo

Sabeis que tantos outros lutaram e lutam pelo que lutei,

então, não me queiram santo;

fui Homem, e apenas isso