Jogando a última cartada
O que você está fazendo?
Exorcizando meus fantasmas.
O quê?
Isso mesmo que você ouviu.
E precisa ficar agachado
como se estivesse defecando?
Sim, não vê que são excrementos
de minha alma revoltosa!
Não tô vendo nada.
Nem poderia, são fantasmas,
Seres abjetos, desprezíveis.
E precisa ficar olhando para o céu?
Claro, é de lá que vem a paz, a pureza.
E isso funciona mesmo?
Tomara que sim. Estou tentando.
Estou atrapalhando?
Com certeza! Você é um dos fantasmas.
Eu? Cruzes!
Mas eu sou a sua esposa...
Justamente por isso é mais um fantasma,
que me perturba dia e noite.
Agora você foi longe demais. Isso é ultrajante.
Eu quero o divórcio.
Pois terás, com prazer...
e será menos uma assombração na minha vida.
Vou pra casa da mamãe, fique aí com seus fantasmas.
Ótimo! Prefiro mil vezes o fantasma da solidão do que
o incômodo da sua execrável companhia.
- E assim, depois que ela arrumou as malas e foi embora,
ele saiu pulando de alegria: "Oba! Deu certo! Consegui
afugentá-la!"
(Crônicas do Avesso e Travesso – 27 de abril de 2006)
Edir Araujo
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ISBN 978-85-913565-2-2