Jogando a última cartada

O que você está fazendo?

Exorcizando meus fantasmas.

O quê?

Isso mesmo que você ouviu.

E precisa ficar agachado

como se estivesse defecando?

Sim, não vê que são excrementos

de minha alma revoltosa!

Não tô vendo nada.

Nem poderia, são fantasmas,

Seres abjetos, desprezíveis.

E precisa ficar olhando para o céu?

Claro, é de lá que vem a paz, a pureza.

E isso funciona mesmo?

Tomara que sim. Estou tentando.

Estou atrapalhando?

Com certeza! Você é um dos fantasmas.

Eu? Cruzes!

Mas eu sou a sua esposa...

Justamente por isso é mais um fantasma,

que me perturba dia e noite.

Agora você foi longe demais. Isso é ultrajante.

Eu quero o divórcio.

Pois terás, com prazer...

e será menos uma assombração na minha vida.

Vou pra casa da mamãe, fique aí com seus fantasmas.

Ótimo! Prefiro mil vezes o fantasma da solidão do que

o incômodo da sua execrável companhia.

- E assim, depois que ela arrumou as malas e foi embora,

ele saiu pulando de alegria: "Oba! Deu certo! Consegui

afugentá-la!"

(Crônicas do Avesso e Travesso – 27 de abril de 2006)

Edir Araujo

copyright@2005 todos os direitos reservados.

ISBN 978-85-913565-2-2

Edir Araujo
Enviado por Edir Araujo em 18/12/2012
Reeditado em 17/10/2020
Código do texto: T4042670
Classificação de conteúdo: seguro
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