HISTERIA
Dizem que a origem de histeria é o útero. Órgão feminino que gesta gritos e se retalha em emoções e ansiedades... Manifesta-se como um punho retraído, um soco doloso, um exagero, uma simulação, e depois sangra silêncios nas costuras dos tantos ciclos.
Exilado das fases férteis, o corpo reverbera a perturbação. Não há suturas para os hímens rompidos pelos verbos saciados de angústias e anseios. As peles da razão encobrem a cicatriz, talvez uma máscara, um texto decorado, um luto... Ecos de vozes tardias. Os sintomas se sucedem nas paredes uterinas: contrações, histeromania, frigidez... Alguidar de princípios escondido sob a mortalha de uma patologia.
Obsessão, culpa, alucinação, loucura – substantivos femininos que não se encerram no som e maculam de significados as projeções do corpo obscuro e das transparentes manifestações da alma. Palavra derramada na conjunção de segredos e confissões do íntimo feminino.
Histeria - diagnóstico da vida.