A sina do poeta
Produzir a arte nobre é parir um filho macho,
É forjar do solo o pão, é sugar do vinho um cacho,
Ter prazer em ser poeta, viajar em campo em escuro,
É sondar os sentimentos dos malditos solitários.
É reverter dor em sorriso, abraçar quem não merece,
Beijar a face da morte ser feliz quando se esquece.
Cada dia é um martírio, e uma tortura sem fim.
Toda noite os sonhos passam, como passa um furacão,
Deixa um rastro de saudade, uma trilha de ilusão.
O dia não tem mistérios a noite vai revelar
Das sombras o dom eterno, o verso a febre poética.
Inquieta a me condenar.
Não tem dia, não tem hora, para seguir a intuição,
Quando soam os sinos negros da bendita inspiração
Pára tudo, pára o tempo, pára o sangue a pulsar.
Pára a vida, tudo espera, para o belo eternizar.