A sina do poeta

Produzir a arte nobre é parir um filho macho,

É forjar do solo o pão, é sugar do vinho um cacho,

Ter prazer em ser poeta, viajar em campo em escuro,

É sondar os sentimentos dos malditos solitários.

É reverter dor em sorriso, abraçar quem não merece,

Beijar a face da morte ser feliz quando se esquece.

Cada dia é um martírio, e uma tortura sem fim.

Toda noite os sonhos passam, como passa um furacão,

Deixa um rastro de saudade, uma trilha de ilusão.

O dia não tem mistérios a noite vai revelar

Das sombras o dom eterno, o verso a febre poética.

Inquieta a me condenar.

Não tem dia, não tem hora, para seguir a intuição,

Quando soam os sinos negros da bendita inspiração

Pára tudo, pára o tempo, pára o sangue a pulsar.

Pára a vida, tudo espera, para o belo eternizar.

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 07/03/2007
Reeditado em 31/05/2007
Código do texto: T403908