CASTIGO

Em todos os seus caminhos...

Você há de me levar.

De cada amanhecer

Até o anoitecer...

Num lusco-fusco de outono...

Mesmo no mais tênue sono,

Em cada folha de plátano

A cair ...enferrujada...

Em toda e qualquer estrada...

Você há de me levar!

Na lágrima inesperada

Em cada festa inacabada...

No seu sorriso forçado,

Naquele canto improvisado...

No dobrar de um triste sino

Em todos os seus desatinos...

Você há de me levar!

Em cada pétala despedaçada

Na nuvem rápida e esfumaçada

Em qualquer promessa de amor,

No mínimo esboço de dor...

No assovio dum sabiá

Mesmo sem eu estar lá...

Você há de me levar!

Pois não há segundos ou anos...

Que frente aos desenganos,

Apaguem todos os danos.

Naquele mesmo lugar...

Aonde me fiz brotar

Sempre eu hei de pulsar!

Como seu eterno castigo...

Apesar de todos os idos,

Você há de me levar!!!

SP, 10/05/2005