(Porque aprendeste a me tirar até o que não tenho
e a matar em mim tudo aquilo que ainda nem nasceu)

Agora preciso aprender uns futuros que não sei.
Haverá de existir em algum tempo, em algum lugar,
por um motivo qualquer, por mais insignificante que seja,
um olhar cuidadoso que possa ao menos velar por mim,
mãos conhecidas que me toquem e talvez me segurem
num abraço que conforte e proteja, que me reconheça e aqueça
e que me acalente no fundo dessa tormenta e me dissipe os medos,
que me sustente em segredo no impulso insano na beira do abismo...

Tenho de aceitar desses futuros o que nenhum futuro tem:
qualquer tola e absurda predileção que possa haver por alguém
ou o inexplicável esquecimento que sempre me torna um ninguém.
Porque não estou lá onde o futuro é, mas aqui onde ele não é ainda.

E mesmo que eu corra, que eu voe ou mergulhe
sei que não alcanço ainda assim nenhum futuro,
esse tempo inimaginável que nunca vem...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/12/2012
Reeditado em 25/04/2021
Código do texto: T4036390
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