ROBÓTICA SOCIAL

Nunca fui "padrão gostosa"...

Aliás, me desgosta qualquer padrão.

Eu sou senso opcional de contramão.

Se o mundo estiver indo...

Eu estou voltando.

Passei de meio século,

De olhos, e de vida!

Nunca fiz tatuagens

Não uso piercing,

Não corrigi as pálbebras

Não impermeabilizei meu sorriso,

Tenho até uma "barriguinha"!

Digo ser saciedade desta sociedade enfadonha.

Não consegui um "rolex"!

Tampouco botoquei

A liberdade do tempo

A me redelinear por inteiro.

Não tenho a bunda brasileira

Idolatrada salve!

Nesses nossos tantos "salve -salve!"...

Tresloucados "salve-se quem puder!"

Em que nem "São Jorge" se salva.

Acreditem: eu sequer me salvei...

Não tive tempo...e nem dragões.

Repito: sou algo branquela...sem cor

Sem grandes ambições.

Um resto daquele branco de vácuo

Sem nuança alguma de modernos sonhos,

Ainda que eu aumente as lentes das esperanças.

Estudei por livros esquecidos e sei que a culpa foi minha!

Quais foram as minhas façanhas?

Eu sequer roubei!

Na minha presbiopia crescente

Meus olhos são cada vez mais ávidos e perdidos

Por alguma coisa inatingível

Que valha as tantas penas humanas.

Todavia, este meu coração algemado

Sequer arrebenta as correntes

Dos meus antigos sonhos que ora me sustentam

Que são os mesmos desde sempre...aqueles...

Sonhos anônimos , crenças removíveis, descartáveis

Deletáveis!

Mudos valores desformatados

Para o extenso mundo virtual, surreal!

Desfocado numa realidade crua

Pelas molduras sociais do nada.

Portanto, sou um ser hermético e abstrato

Salvo do ser "gostoso" .

Sou apenas um des-gostoso ser...

Corajoso!

Por mera opção não reprogramável

Tampouco alienável!

Desligado das cordas frenéticas

Desta acinética robótica social.