Prisioneiro dos moinhos
Jorge Luiz da Silva Alves
(Eugenio Recuenco, "Quixote Enclausurado")
Trapaças das lidas contra o obscurantismo, esse negro lado da essência humana que deseja uma eterna padronização, sistematização de anseios, mediocrização(*) de espíritos: perdida a batalha contra a boçalidade, os moinhos do destino, armados e prontos pelos arautos do consumo e insuflados pelos xamãs do mercado, enclausuraram-me na cela dum conformismo e impediram-me de irromper contra tudo aquilo que representa o moto-contínuo alienante dos podres poderes da hierarquia social. Trapaças das lidas contra o obscurantismo: preciso de uma ideologia, de um sonho ou uma loucura que me permita tomar Dulcinéia nos braços, pô-la juntinho de mim na sela de Rocinante e cavalgar para além dos diques da Frísia, dos Duques de Alba, que me faça um iconoclasta de carteirinha e destrua, com minha lança invencível em paixão e insanidade, os santos-do-pau-ôco que, engravatados, encerraram-me numa quixotesca imobilidade da alma – apesar do Pessoa jurar que tudo vale a pena, não sendo a alma pequena...será?!
(*) neologismo
http://www.jorgeluiz.prosaeverso.net
Jorge Luiz da Silva Alves
(Eugenio Recuenco, "Quixote Enclausurado")
Trapaças das lidas contra o obscurantismo, esse negro lado da essência humana que deseja uma eterna padronização, sistematização de anseios, mediocrização(*) de espíritos: perdida a batalha contra a boçalidade, os moinhos do destino, armados e prontos pelos arautos do consumo e insuflados pelos xamãs do mercado, enclausuraram-me na cela dum conformismo e impediram-me de irromper contra tudo aquilo que representa o moto-contínuo alienante dos podres poderes da hierarquia social. Trapaças das lidas contra o obscurantismo: preciso de uma ideologia, de um sonho ou uma loucura que me permita tomar Dulcinéia nos braços, pô-la juntinho de mim na sela de Rocinante e cavalgar para além dos diques da Frísia, dos Duques de Alba, que me faça um iconoclasta de carteirinha e destrua, com minha lança invencível em paixão e insanidade, os santos-do-pau-ôco que, engravatados, encerraram-me numa quixotesca imobilidade da alma – apesar do Pessoa jurar que tudo vale a pena, não sendo a alma pequena...será?!
(*) neologismo
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