TENHO FOME DE TUA BOCA.

 

 

 

Ó Senhora diga-me!

 

Que me aceitas como um amante que não te escravizará e nem se deixará escravizar, porque este amante muito te quer e ama!

Se disseres que sim, então:

Eis a minha mão sofrida, por favor, envolve-a entre as tuas lindas e boas mãos!

Eis a minha boca, eu te entrego para que beijes loucamente, longamente, profundamente e silenciosamente.

Minha Senhora muito amada, o amor é um sentimento sutil, santo e infinito no seu benquerer.

Digamos que é uma eterna e incansável busca do “tu”, para que desse indizível encontro e na união dessas vontades anímicas e inexplicáveis, forme-se um mundo de interminável benquerer.

Senhora, eu te repito mais uma vez.

A vida na carne, esse evento limitado e fugaz, se permanecer ou deixarmos nos levar egoisticamente por uma viagem indecisa nas planícies da solidão, infelizmente e dificilmente haveremos de encontrar um “tu”.

Por isso Senhora, desemaranha-te e vem para o ninho que fiz, a fim de abrigar-te em meu coração hiante de amor.

Nesse ninho, a nossa alcova perfumada, eu untarei os teus ferimentos com a essência das ervas que vicejam nas minhas pradarias.

Procurarei curar e fazer com que cicatrize as tuas feridas emocionais, assim como faz um cirurgião místico quando assepsia os hematomas da alma.

É assim, ó minha Senhora que te quero, eu sublimando todo o meu querer em ti!

Essa forma de te querer, assim tão minha, é apenas a sombra do meu grande amor e, para que aconteça essa singularidade existencial, ó minha linda, basta apenas dizer que também me quer.

Ó minha Senhora, a minha alma já clama pela tua, cheia de saudades e rumores no coração.

Agora, apenas me impressiono com a doce lembrança de como beijavam os teus lábios de rubras rosas.

Eles me atraíram com a sua força gravitacional cheia de sedução, pois essa galáxia vermelha e elíptica cheia de desejos, felizmente, me prostrou totalmente ante a constelação tentadora do teu corpo.

Por isso minha linda Senhora, agora eu também só tenho fome de tua boca, de teus seios e de todo o teu corpo, onde um dia, desbragadamente me nutrirei calado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 06/03/2007
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