R e s i l i ê n c i a
Jorge Luiz da Silva Alves



    Busco força nas profundezas do sofrimento,  reconstrutora de meu destino, esmigalhado por janízaros impiedosos; as cimitarras que retalham minha alma são as mesmas que ceifaram os sonhos de minha mãe, avó, bisavó e todas as criaturas que, desde incontáveis eras , servem de amálgama para testiculares mandatários e sistemas patriarcais. Passos meus pelo mundo são sempre marcados por eufemismos e cavalheirescas atitudes; mas o meu destino é o mesmo: nos tempos de guerra entre os galos, sou degolada, depenada, assada e comida até a cloaca máxima das humilhações – refletidas pelo brilho de meu olhar, sempre descrente das promessas inócuas e das iniciativas libertárias dos transeuntes maravilhados com meu semblante plácido, desejosos por fotos premiadas e telas nativas encantadoras.
     Busco força nas profundezas do sofrimento, pois apenas ele reflete o enganoso encanto que ocidentalizadas retinas observam...e não cansam de confundir com exotismo.

(Imagem: Yan Yaya)
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Jorge Luiz da Silva Alves
Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 09/12/2012
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