Encontro com a Maria-sem-vergonha
Fui todo envergonhado
falar com a Maria-sem-vergonha.
Ela não me respondeu,
não me perfumou,
sequer me olhou,
mas me encheu de cores.
Tantas cores misturadas
que me fez sentir num carnaval,
apesar de ainda não ser nem natal.
Era tamanha sua beleza
ali largada ao chão,
que tive vontade de deitar sobre ela,
me arrastar de amor por ela,
mas pensei em suas rendas perfeitas,
e não quis desfazer tanta delicadeza.
Toda aquela beleza assim
sem poder abraçar, roubar,
me trouxe insegurança de menino,
chorei na volta do caminho,
regando o asfalto cinza e morto.