in [JÚRI] a
E de repente se percebe que há um silêncio até mesmo nos próprios passos. O ar fica inodoro e o céu não é tão azul. As nuvens não passam e nem chovem. O vento não insiste e não há cores. Estagnado! Outros olhos já não te olham. Os rostos são frios, sem rusgas, sem sorrisos e nem mesmo um traço de escárnio. Uma viagem começa para dentro de si enquanto nascem uma série de perguntas - O que foi que fiz? - esta é a mais constante. Inquieto, pega-se todas as palavras ditas em passado não distante e expõe no mural das lembranças, procurando por aquela que provocou tanto desprezo. Desenha no quadro da mente todos os gestos. Traceja os próprios olhos, as mãos, os cacoetes, os sorrisos... Apressa-se, afobado em revirar todos os recônditos que possam existir dentro da memória, mas nada encontra. Pausadamente, analisa tudo de novo (quem sabe não deixou passar algo despercebido?... Sem respostas, vem a tristeza de não saber o porquê das flores já não se abrirem no seu caminho e o vento não fazer mais aragem na tez. Por que algumas mãos já não lhe tocam com carinho e a estrada por onde anda se mostra solitária... Neste contexto percebe que a pior das injustiças não é ser condenado quando se é inocente... É ser condenado na inocência de não se saber porquê, por um júri silencioso que não lhe permite defesa.
As vezes se é excluído não pelo que se fez, mas pelas calúnias secretas de outrens!
As vezes se é excluído não pelo que se fez, mas pelas calúnias secretas de outrens!