O meu fim
“Largo tudo, rasgo todas as cartas, enxugo as lágrimas, arrumo a casa, afino meu violão, componho uma nova canção, volto a escrever poesias, paro de correr, de fugir, de temer. Jogo fora todas as lembranças, apago as trilhas antigas, construo um novo caminho, destruo todos os muros, ergo pontes novas, me refaço, me recrio, e tua imagem eu nunca conseguir apagar, os teus olhos, a tua voz, as tuas manias, os teus defeitos, teus medos, você… Você que se fez tatuagem e se cravou em minha alma. Você que fez do vento aliado. Você que não demonstra, mas que sente, e mente, e manipula, e fere, e mata. Você que não tem escrúpulos. Você que foge o tempo inteiro, mas que se recusa a deixar-me. Você que me invade e bagunça até os meus detalhes minuciosos. Você que é fraco. Você que morre a todo instante, e me leva junto. Você que tem um abismo entre os pés, e que quando cai me puxa, me ata a você, não me deixa fugir. Você que é um erro, o começo do fim, o meu fim!”