SAL DA TERRA
Pasmem, meus senhores
Pasmem frente ao grande espetáculo
Nunca vistes algo tão inesperado,
e, por nunca terem visto,
não sabias a maravilha que era
Faz tempo que tudo estava prometido, pela luta e não pela Palavra,
porém, a desdida e a maledicência,
guardiã dos que não creem no novo de vir,
qual raios de sol sobre a vista desprotegida,
plantaram sobre vossas cabeças a dúvida, a cegueira
e também a desconfiança
É chegado o dia por muito tempo esperado
E aqueles que não cederam,
hoje sentirão o doce sabor da vitória
A ti, meu amigo e irmão do campo ou da cidade
A ti, que por séculos e mais séculos,
sem nunca desistir, tratou da terra
como a um médico do paciente
A ti, meu irmão da cidade,
A ti que construiu máquinas e edifícios,
soube com paciência e muita luta,
vencer aos entreguistas
e também aos que do código fizeram sua arma
Louvo-os meus amigos e irmão
Sem modéstia, louvo-os com toda minha força
Pois, que é neste mundo que sangra dia e noite,
não poderia negar tamanha euforia
com que os louvo
Sabeis, sabeis que sempre estarão a postos
aqueles viventes encastelados
Sabeis que nunca cessarão,
posto que do sangue
que escorre pelo campo e pela cidade,
dele eles saciam sua louca vontade
Pasmem, pasmem eu vos peço, meus senhores
Pasmem frente ao grande espetáculo
Vós que nunca acreditastes,
eu vos apresento a marcha,
a marcha daqueles que nunca cederam,
e hoje, como um jubilo de puro gozo,
verão, meus irmãos do campo e da cidade,
tomarem o que lhes pertence há séculos
E saberão:
somos o sal da terra, que alimenta a vida