A gaiola da louca
Prenderam-te numa bela gaiola de ouro,
E ali cantas, ai ai ai...ai ai ai aaaaaii
Te vendes assim e desprezas a ti própria.
Veja!
Não tem portas a gaiola.
Mas também já não tens mais asas.
Finges coragem de tanto medo.
Tens tudo.
Não podes nada!
Carregas uma culpa que nunca tiveste.
Nascida para o silêncio do passado.
Mas na dúvida ainda é melhor a gaiola.
És pura poesia,
Encanto que só canta aprisionada.
Voa!
Mostra-te bela em liberdade!
Não!
Preferes a gaiola como garantia,
De qualquer vida,
Cheia de enganos,
Tantos desamores,
Doçuras que se amargam,
Sorrisos que se vão,
E de tantos sonhos que já se foram.
E assim te guardarão,
Para nunca aconteceres,
Minguando no silêncio,
De uma vida desacontecida,
Desfeita pela vaidade,
Perfeita para seus algozes,
Que encarceraram a tua alegria,
Fazendo-te acreditar ser felicidade,
Apenas migalhas de ouro e prata,
Que não adornam a tua alma,
Não secam as tuas lágrimas,
Nem te devolvem mais a ti mesma.