Ai se eu te pego...
Eu queria saber quem é você, que, nos tempos difíceis da ditadura, cheio de frescura, subia nos palcos, caminhões e palanques; desejando as prefeituras, as viaturas, até usava a cultura. Pra todos os males você dizia que a liberdade era a cura. Pronto. Ficamos livres. Pegamos o governo militar pelo rabo. É aí que eu me acabo. E agora? Joga tudo fora? Se faz de bobo e se entrega pra Globo? Como estão os seus anões, mensalinhos e mensalões? Eu queria saber por que você sucateou as escolas, vendeu as estatais pros cartolas, e divulgou a coca-cola. Por que você virou o prato que comeu, destruiu aquela cultura que de defendeu, que foi expulsa do país pra poder ser infeliz. Que morreu, que não tremeu, que perdeu mães, filhos e filhas e não esmoreceu? Esse país, essa grande obra, esse canteiro, agora você transformou em um grande e familiar "puteiro" onde só se fala em sexo, mulher e cerveja. Você, com a sua música, faz parecer que aqui nem tem homem; só moda que incomoda, que nem é sertaneja muito menos universitária, mas sim, otária, abaixo do pária, da miséria da candelária. Aquela cultura pura e segura te ameaça não é canalha? Mostra-me logo a navalha! você agora é comentarista, apresentador, vigarista, político, locutor e tem a mídia na mão; mas o Brasil caminha pela mãos de motoristas, diaristas, e da verdadeira prostituta, que nunca solta a batuta, que tem coragem e não perde a viagem; mas em cada casa do país, tem uma virgem que já pensa como puta. Agora, eu, o que faço? acabei com a festa dos soldados; e virei soldador, professor e tenho que fingir, que sou ator. Você colocou as crianças na festa do sexo, pela televisão, pelo rádio, pelas falas das salas das melhores famílias, pelo comutador a agora/ quem é que vai computar essa dor? "Ai se eu te pego"...