Amanhecer
Os primeiros ruídos da vida , invadiram o quarto.
E, imagina só: na penumbra ainda reinante, ouviu o canto .
Este canto que a acorda todos os dias.
A primeira vez que isto aconteceu, até sonhou.
Era um pássaro que voava, voava, batendo as asas em sua frente.
Parecia querer falar, de contente.
Cantava, cantava. Foi um jeito bom de sonhar.
E melhor ainda de despertar.
Não é que havia mesmo aquele canto?
E como era insistente seu gorjear
Que parecia dizer
“Levanta, a vida está a te esperar”!
Certo dia, perguntou ao porteiro do prédio, que canto era aquele.
“A senhora não sabe não?
É o canto de um sabiá.
Fez ninho na árvore em frente e não sai mais de lá.
Arranjou uma companheira e também um sabiazinho.
O filhote, paparicado, já se aventura fora do ninho”.
Fiquei mesmo encantada.
Nesta cidade tão grande, de vida às vezes malvada, eu tenho um sabiá.
Que me torna a vida mais bela.
Pois me acorda nas manhãs.
Cantando na minha janela.