Transição


A impressão é que escrevendo poderei eternizar algumas sensações que acomentem minha mente, minha alma e todos os espaços em branco onde me circulam as dúvidas, os anseios... Escrevendo, ainda poderia talvez, gararantir que as perguntas sejam eficazes, já que as respostas não conseguem se organizar em palavras passíveis de serem decifradas.

Só sei que tenho sido cúmplice. Embora calada. Mas, motivada por silêncios tão sonoros que quase implodem minha alma e implodir é levar tudo para dentro. Para o mais profundo do meu existir onde se misturam dúvidas com flores, estrelas com ausências, dias e noites felizes com a falta que tanto me crucifica o sentir...

Sinto. Absorvo tudo de uma maneira tão calada que quase me convence um fim dito. Um fim que não se consolida por faltar-lhe a genuína intensão de findar... Um findar cuja voz não se perpetua, não se ouve, não se gasta e não se cansa.

Tenho estado um tanto ausente de mim mesma. Mas, a força que vem de dentro é só uma infinita chama que tem cor. Tem cor, e agora tem cheiro, perfume conhecido. Tem cheiro de vida. De vida que não cessa e não para nunca de querer mais vida...

Tudo somatiza um amarelo intenso, sem fim, inebriante e que jamais se apaga com o correr dos dias cujas horas tão diferentes, por vezes destoam e causam certa falta de harmonia. No entanto, uma energia circular impulciona, mesmo não querendo se fazer presente. E tanto mais distante se faz, tanto maior fica a sua presença.

Além da vidaça, logo depois das árvores que guardam a entrada principal, pássaros piam desorganizados. Desordenados enfeitando a tarde quase esmaecida.

Um tom cinza vai ganhando calmo, o azul intenso que até há pouco se perpetuava quase petrificado numa vastidão de céu. Nenhuma núvem foi vista durante a tarde. Somente um azul puro e mágico. Sem mácula, sem gotas de chuva previstas ou esperadas.

Sem intento de lágrimas.

Silencioso o dia se esvai. E o astro, mesmo não querendo, sempre se faz notar. As horas seguem, os dias seguem. Destinos seguem por caminhos diversos. Curvas. Paragens, traços paralelos, desvios...

Aos poucos a noite toma conta com uma suavidade quase encarnada. O céu que aos poucos perde luz, ganha estrelas soltas. Faíscas. Melindres de mais um dia que se fecha. Eis que quase tudo para. Nos olhos da noite se refestela algum brilho, meio parco, meio sumidiço, apenas meia luz.

(...) e, tudo é silêncio.




      

                                  ***imagens google***








 
AndreaCristina Lopes
Enviado por AndreaCristina Lopes em 03/12/2012
Reeditado em 04/12/2012
Código do texto: T4018382
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