Tudo é pobre,
mesmo onde é invento
têm fiapos estéreis de nuvens
vagando lentos,
capa d’um deserto
vermelho...
Têm águias,
têm répteis.
Como espectros,
com olhos vazios
e à sombra de cactos
sem braços,
têm famintos...
Sem mãos para acenos,
apertos, afagos.
Feliz é o chão rachado
que se sente coçado
por sombras esquálidas!
A fartura está nos bicos
das águias com suas asas
envergadas e empertigadas...
Que voam alto
e vêem de longe
o chão e roubam o pão.
Nos caminhos das caravanas
restam grãos ressequidos
e engelhados,
catados por mãos desidratadas.
Têm resquícios de lágrimas
Fervendo o sustento...
Enquanto as águias voam,
e (eu) invento,
têm bocas sorvendo
caldos ralos
e inconsistentes.

MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 03/12/2012
Reeditado em 03/12/2012
Código do texto: T4017561
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