Caneta de Poeta
Caneta de poeta, e também de poetisa, não é uma qualquer: é uma dama! É também a mais sincera entre as canetas. E acho que a mais louca também: ela chora, ela ri, geme, resmunga, beija, xinga e gargalha. Em cima do papel, ela corre graciosa, dança, patina e sapateia.
Às vezes só desliza, às vezes pisa!
Às vezes está calma, às vezes grita!
Às vezes acalma, às vezes irrita!
Canetinha sorrateira, costuma destilar afeto e verdades, coisas que o espelho não mostra. Petulante, ousa escrever coisas que as bocas não falam, e os olhos tentam esconder. No geral, destila perfume, lágrima, suor, sangue, cachaça. Às vezes também amaciante (de almas), desinfetante (de vidas), essência (de flores), poções (de amores) e remédio (pra dores).
A vida, a morte, e tudo da vida e tudo da morte, caneta de poeta tudo destila, se embriaga e dança, doida e bela, no papel, passivo e apaixonado. Ele – o papel - tudo aceita, e a caneta –faceira - tudo faz. De qualquer coisa, causo ou tema, ela brinca, mexe, revira, arruma e desarruma, e disso sai poema.
Por isso que eu digo, tenho certeza e acho: Caneta de poeta não escreve, desfila, e o poeta só assina embaixo.