AMADOS E AMANTES
Revirando antigos guardados, encontrou aquela caixa.
Um tanto empoeirada, ali tanto tempo esquecida.
Em cima da mesa da sala, com cuidado a abriu.
Um cheiro estranho, o ar todo invadiu.
Cheiro de tempo antigo, tempo esquecido.
Com cuidado, a pequena pilha de papéis pegou.
E o maço preso por uma fita, descorada, se soltou.
Eram tantas! Tantas cartas...
Passando os dedos devagar, uma delas ao acaso, escolheu.
O envelope, escrito em tinta azul, letra bem desenhada.
A data de muitos, muitos anos atrás.
Quase temerosa, sem nem entender por que, o coração em sobressalto, leu:
"Amada ...
Quisera estar junto a ti. Impedem-me , os deveres da vida . Sei que compreendes...querida!
Em ti penso todo dia, a lamentar a distância. E na noite, quando me deito, pra ti são meus pensamentos. Rogo ao céu que a proteja, que nunca se esqueça de mim.
Sabe aquele nosso último passeio? Estavas tão linda...radiante.
E lá na praça, aquele fotógrafo falante?
”Faz uma foto, seu moço! Pra moça....é até quase de graça”. E agora minha amada, dela lhe faço presente.
Não estranhe meu olhar. Eu já sentia saudade, bem antes de te deixar. Assinado: o amor que nunca te esqueceu".
Mas... e os nomes? Quem seria a dona desse amor tão grande, sem medo de se declarar?
E ele, será que a reencontrou? Quando e onde isto se deu?
Contra o peito, a foto, apertou. E, bem dentro de si, pressentiu. Foram dois corações em um só. Amados e amantes, como nunca se viu.
A lágrima rolou pela face, de emoção suspirou.
E a gota,caída na carta, um coração desenhou.