AMADOS E AMANTES

Revirando antigos guardados, encontrou aquela caixa.

Um tanto empoeirada, ali tanto tempo esquecida.

Em cima da mesa da sala, com cuidado a abriu.

Um cheiro estranho, o ar todo invadiu.

Cheiro de tempo antigo, tempo esquecido.

Com cuidado, a pequena pilha de papéis pegou.

E o maço preso por uma fita, descorada, se soltou.

Eram tantas! Tantas cartas...

Passando os dedos devagar, uma delas ao acaso, escolheu.

O envelope, escrito em tinta azul, letra bem desenhada.

A data de muitos, muitos anos atrás.

Quase temerosa, sem nem entender por que, o coração em sobressalto, leu:

"Amada ...

Quisera estar junto a ti. Impedem-me , os deveres da vida . Sei que compreendes...querida!

Em ti penso todo dia, a lamentar a distância. E na noite, quando me deito, pra ti são meus pensamentos. Rogo ao céu que a proteja, que nunca se esqueça de mim.

Sabe aquele nosso último passeio? Estavas tão linda...radiante.

E lá na praça, aquele fotógrafo falante?

”Faz uma foto, seu moço! Pra moça....é até quase de graça”. E agora minha amada, dela lhe faço presente.

Não estranhe meu olhar. Eu já sentia saudade, bem antes de te deixar. Assinado: o amor que nunca te esqueceu".

Mas... e os nomes? Quem seria a dona desse amor tão grande, sem medo de se declarar?

E ele, será que a reencontrou? Quando e onde isto se deu?

Contra o peito, a foto, apertou. E, bem dentro de si, pressentiu. Foram dois corações em um só. Amados e amantes, como nunca se viu.

A lágrima rolou pela face, de emoção suspirou.

E a gota,caída na carta, um coração desenhou.

Nuria Monfort
Enviado por Nuria Monfort em 01/12/2012
Reeditado em 10/01/2013
Código do texto: T4014717
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.