Beija-me

Parei em frente a ela e disse-lhe

“Beija-me”

Ela fez como se não tivesse entendido.

“Beija-me, maldita”, insisti.

Ela afastou-se um passo, relutou, pensou e no entanto, com os olhos no chão, deu dois passos em minha direção.

Beijou-me.

Inicialmente de má vontade, sem saber porquê fazia aquilo.

Virei-lhe as costas.

Ouvi um soluço...

Agarrou-me o braço... Desvencilhei-me e continuei andando.

Ela me bateu, empurrou-me na parede, beijou-me intensamente.

Beijou-me para calar minha voz na sua cabeça.

Por fim correu.

Correu como se pudesse fugir de si própria.

Correu como se pudesse fugir do desejo que negou com tanta força.

Pobre diaba.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 28/11/2012
Reeditado em 28/11/2012
Código do texto: T4009245
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