Cantaram meu nome
Em canções distantes e inexistentes
E em orações inúteis e insistentes
E a vida me sorriu de um jeito diferente.
Contaram os meus dias
E as minhas mal fadadas horas
Pesaram os momentos, mediram os instantes
E tudo foi tão pouco! Tão pouco, tão pouco...
Depois contaram histórias
Nas perdidas memórias do que eu nem vivi,
O esquecimento é um próximo passo
De um descaminho que nunca traço.
Andar sozinho é mesmo o que mais faço.
Cortaram os meus sentidos
Entorpecido eu não sinto mais nada
E não senti ainda o gozo de ser vivo,
Não antecipei as minhas vontades
Nem desperdicei em vão os meus desejos.
Ainda vou gozar no gozo sublime dos eleitos
Que são dos seres desfeitos os mais imperfeitos.
Mesmo assim vou fecundar os nossos versos complexos
Certo de que irão brotar palavras de nossos sexos diversos
E alguma luz talvez desse nosso chão de estrelas,
De nossa terra de palavras flores e emoções frutos
E cavucar com as mãos os silêncios mais profundos
E nossa vida não será nada mais do que semente.

Contam os mais antigos cânticos
Que a vida começou silenciosa no escuro da noite
E a vida era luz e quando brilhou tudo apareceu,
Tudo nasceu como a cor e o olhar que olha a cor
E tudo aprendeu a dor de amar essa dor sem nome
Que todos aprenderam a chamar de amor...

Só então amanheceu,
Depois fez a tarde do primeiro dia.
E quando anoiteceu a primeira vez,
Tudo era escuridão e não se podia olhar.
E quando não mais se viu
É que se fez a imaginação.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 26/11/2012
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T4005704
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