Companheiro da espera
Mais um João Ninguém no meio da multidão. Um raio de luar se esquivando da escuridão. Sou camaleão, sou falante, sou vibrante, sou canção. Não imagino por imaginar; crio e recrio pelo simples prazer de sonhar. Que não me impeça a mocidade de meu direito de encontrar meu cantinho. Sou feliz, sou triste e suspirante, sou um eterno aprendiz.
Digno de aplauso posto ao lado da ignorância de estimação. Sou fixo, sou mutável, sou sensação, sou razão. Preto no branco. Num breve momento a hiena rindo dos próprios dramas; noutro a vítima universal que afoga no desespero. Sou tudo. Sou nada. Sou meio-termo.
Debocho do passado, respeito o futuro. Viajo no passado, temo o futuro. Sou algo puro, manchado pelos traçados da raça que me vi nascer. Sou pequeno, sou sereno, mas também posso enlouquecer. Sou pergunta, sou resposta, sou dever.
De ser tanto o que sou, será difícil descobrir o que eu era. Da fantasia delirante,
da realidade amargurante, também companheiro da espera.