Máquina do tempo

E agora a leitura cotidiana se tornará a tortura contínua.

Agora, em cada palavra lida havia um indício, uma previsão. Agora, em cada palavra dita, havia um manifesto de submissão.

E agora a doce aventura se tornará uma amarga lembrança.

Agora, em cada gesto havia uma fração de segundo que o impediria de ter se concretizado. Agora, em cada toque havia uma oportunidade de ter sido negado.

E agora aquela chuva fina se tornará uma devastadora tempestade. Agora, toda a vontade de ter desistido havia de ser aceita. Agora toda a insistência por liberdade havia de ter falhado.

Mas agora, agora é muito fácil. Agora, agora já passou. Agora, que as previsões sobre o passado fiquem pra depois.

Letícia Nunes
Enviado por Letícia Nunes em 21/11/2012
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