MÁSCARAS

Tinha muitas máscaras e suas máscaras às vezes tornavam-se reais até para si mesma. Emolduradas em molduras do dourado ao púrpura, do bronze ao cintilante azul, era por assim dizer, uma bela colombina passeando por salões de prata. Seus traços suaves acentuados por maquiagens e delicados ornamentos mostravam-se em segredo muitas poucas vezes apenas aos escolhidos. Tocavam inúmeras músicas de baile, alternando em sigilo as fúnebres e mais tristonhas e não era ela que às comandava, apenas fazia uso de suas máscaras tornando-se sempre a cada dia visualmente mais e mais bonita. Mãos pequeninas, branca face, olhos arredondados azulados da cor do luar, meio escurecidos pelas nuvens do tempo, tinha em mãos seu coração em recipientes estrelares sorvendo memórias as quais gostava de atrelar-se.

Clarice Ferreira

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