Na medida

Não posso ser a cura para teus males, mas também não serei eu o inócuo placebo: pretensão, quero ser o analgésico, teu bálsamo, teu unguento, o alívio para tuas dores. E o óculos para veres melhor, não teus olhos e nem tuas sobrancelhas; nunca teus pés, mas os sapatos que te dão apoio sobre as pedras.

Quero caminhar ao lado teu, não em tua frente, seja a abrir passagem ou a obstruir caminhos. Não quero ser teu teto ou teu chão, mas nem menos, o vaso de plantas, o tapete, o bibelô. Quero sim ser a tua cama confortável, a água que corre pelas torneiras, a janela que se abre para a luz e se fecha para a ventania...

Quero ser para ti não indispensável como o ar nem supérflua como o perfume, mas necessária como uma dose extra de puro oxigênio na atmosfera irrespirável das tuas aflições.