Parábola

Após quarenta dias no deserto, em completo jejum poético, depois de vencer os seus demônios internos; volta o Poeta a sua terra e prega. Para todos que tem os ouvidos abertos, recita seus versos nas ruas, cura a melancolia dos pobres de espírito, faz milagres com a palavra, multiplica as linhas para dar de comer aos famintos da rima, ressuscita os sonetos decassílabos do mundo dos mortos e exorciza o tédio dos descontentes. Expulsa do templo do saber os teóricos; escreve versos todos os dias, mesmo aos sábados e causa à inveja daqueles que se acham os verdadeiros sabedores do lirismo. Foi traído, preso; condenado e executado... Mas deixou um legado; sua poesia, por isto ganhou a imortalidade, reside junto do Verbo.